Ícones da música e da literatura

Augusto Fidelis

Desconhecida a data de nascimento, o mundo celebrou ontem os 250 anos do batismo de Ludwing van Beethoven, fato ocorrido no dia 17 de dezembro de 1770, na cidade de Bonn. No início do ano, a Academia Divinopolitana de Letras havia programado para esta data um grande concerto, no plenário da Câmara Municipal, em celebração à efeméride. Também, no último dia dez, o Sodalício celebraria os cem anos de nascimento de Clarice Lispector, porém, a tal de pandemia colocou tudo a perder.

Beethoven começou cedo a aprender piano, órgão e violino, e aos sete anos dava seu primeiro concerto. Aos 12 anos já compunha peças com títulos inusitados, como “Canção para um bebê de peito” ou “Elegia pela morte de um poodle”. No ano de 1792, viajou para Viana, capital da Áustria, sendo recebido por Mozart, do qual foi aluno, e lá se manteve até a morte, ocorrida no dia 26 de março de 1827, aos 56 anos, envenenado pela presença de chumbo no vinho tinto. Seu enterro foi acompanhado por cerca de 200 mil pessoas.

O compositor alemão deixou cerca de 240 obras, entre sinfonias, concertos, quartetos de corda e outras peças de câmara e uma ópera: Fidélio. Já totalmente surdo, escreveu a 9ª Sinfonia com uma parte coral, intitulada “Ode à Alegria”, ato considerado uma ousadia, pois esse gênero é estritamente instrumental. Desde 1985, uma versão puramente instrumental de “Ode à Alegria” é o hino oficial da União Europeia. Vale lembrar também que em 1970, a melodia conquistou as paradas de sucesso na versão pop “A song of joy”.

Clarice Lispector, por sua vez, nasceu no dia 10 de dezembro de 1920 em Chechelnyk, na Ucrânia. Sua família, de origem judia, migrou para o Brasil em março de 1922, fixando residência primeiramente em Maceió; em 1925 mudou-se para o Recife e em 1937 para o Rio de Janeiro. Seu nome de batismo era Chaya Lispector, mas, ao chegar ao Brasil, seu pai sugeriu que todos mudassem de nome, então Chaya se tornou Clarice.

Em 1943, Clarice formou-se em direito e em seguida casou-se com um amigo de turma, Maury Gurgel Valente. Ele era diplomata do Ministério das Relações Exteriores e ela o acompanhava nas viagens. Assim conheceu a Itália, Inglaterra, Estados Unidos e Suíça. 

Clarice escreveu para jornais, ganhou muitos prêmios e sua obra literária é vastíssima. Em 1966, a autora dormiu com um cigarro aceso, provocou um incêndio e ela teve muitas queimaduras, o que a obrigou a se tornar reclusa. Sua morte, no entanto, ocorreu no dia 9 de dezembro de 1977 e foi sepultada no Cemitério Israelita do Caju, na zona norte do Rio. Foi ela quem diz: “Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira”.

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