'Chame o resgate, estou perdido!'

Israel Leocádio da Silva

Olá! Como vai? Ou seria melhor perguntar: por onde você anda, tudo vai bem? Sim, por onde você anda? Há muitos que se perderam (em si mesmos) nestes dias. Perderam sua identidade. Perderam o que eram antes desse período de guerra contra o “exército” do vírus. Nestes últimos meses, muitos se perderam de si mesmos. Tornaram-se irreconhecíveis, pessoas estranhas (até mesmo para aqueles com quem conviviam há muitos anos). Perdidos em si mesmos!

Perder-se é algo terrível. Estar em um lugar desconhecido, estranho, e, de repente, você percebe que não sabe onde está... Isso é horrível. Muitas perguntas surgem. E, se o tempo do resgate demora... Então, a força e esperança se esgotam juntas. Passa a existir uma exaustão físico-emocional. Pior do que estar perdido é não saber que está perdido! E isso é bem mais comum do que se imagina.

Quero contar a história de um combatente do exército imperial japonês, que lutou na Segunda Guerra Mundial. Seu nome, Hiroo Onoda. Sua patente, tenente. Onoda era conhecido por ser resiliente e extremamente comprometido com suas missões. Na Segunda Guerra, comandando um grupamento militar, foi designado para as Filipinas. Isolado e sem informações sobre a guerra, e de que o Japão havia sido derrotado, Onoda lutou por 30 anos (sozinho), uma guerra que não existia mais. Onoda era um homem perdido! Perdeu-se em meio à guerra e lutou quando a guerra não existia mais. Quantos estão como o tenente Onoda: continuam em guerra quando todos já assinaram o acordo de paz.

Perdidos! São muitos os perdidos! Muitos se perderam nessa mata fechada da insegurança, do futuro incerto. Deixaram de ser o pai que dava um sorriso, a mãe que dava um tempo de qualidade ao filho. Outros vivem como em plena guerra. Alguns filhos perderam-se de tal forma que não mais são capazes de dar um abraço apertado. São como o tenente Onoda, perdidos sem saber.

Como já disse: “o pior é se perder em si mesmo”. É horrível a descoberta de que você se perdeu. É quando você se pega fazendo coisas que não faria. Falando o que não falaria. Comportando-se como nunca se comportaria. Isso está acontecendo, por isso eu dou o grito: “Socorro! Chame o resgate! Estou perdido e só descobri isso agora”. Você precisa tomar conhecimento de duas coisas: (1) reconhecer que se perdeu; (2) reconhecer que precisa de ajuda. Estas duas atitudes o levarão ao comportamento mais sábio.

Quero lembrar outra história: do filho pródigo (parábola citada no Evangelho de Lucas, 15.11-32). Nessa história, contada por Jesus, um filho se perdeu dentro de si, de tal forma que pediu herança para um pai vivo. Todos conhecemos a parábola (acredito). O filho pródigo (da parábola), a certa altura, reconheceu que estava perdido, e decidiu tomar uma ATITUDE, que, para mim, é essencial: ele decidiu “voltar a ser quem ele era, e retornou à casa do pai”.

Você talvez necessite tomar a ATITUDE DE VOLTAR A SER QUEM ERA. Ele BUSCOU resolver as coisas REENCONTRANDO-SE. Ao retornar, o filho pródigo diz dentro de seu coração: “Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti (Lucas 15.18).

Um conselho: “volte a ser quem você era antes da pandemia”. Refiro-me a voltar para o que é bom. Reinvente-se. Tente criar situações em que seu sorriso possa reaparecer em sua face. Sua família precisa do seu antigo “eu feliz”, “eu confiante”, “eu temente a Deus”, “eu cheio de fé e esperança”, “eu amoroso”, “eu resiliente”, “eu positivo”. Mas essa atitude deve partir de você. Caso falte forças para o início dessa mudança, então, peça ajuda, antes que (perdido) você se torne um combatente que fere a família. FAÇA ISSO LOGO! Sua casa e amigos precisam de “você melhor” e isso é com URGÊNCIA.



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