‘Ainda não consigo acreditar’, afirma viúva de segurança

Ana Paula clama por justiça na morte do seu marido e pede ajuda para suprir a ausência do marido chefe de família

 

Bruno Bueno

A vida de Ana Paula Santos Ribeiro virou do avesso do último fim de semana para cá. A morte do marido Edson Carlos Ribeiro, vítima de agressão enquanto trabalhava em uma festa no parque de exposições no último sábado, 25, mudou a vida de uma família que era sustentada pelo lanterneiro e segurança.

Em entrevista exclusiva concedida ao Agora na tarde de ontem, a dona de casa disse que ainda não consegue acreditar na morte do marido. Emocionada, Ana Paula afirma que um dos piores momentos do dia acontece quando ela espera o companheiro chegar em casa do trabalho e percebe que ele não vai voltar.

— Eu ainda não consigo acreditar. Quando dá o horário que ele chegava em casa, eu fico esperando ele aparecer do serviço. Quando o despertador toca pela manhã, que era o horário que ele se levantava para trabalhar, é o pior momento para mim. Está sendo muito difícil — revela.

 

Trabalhador

Ana Paula enfatiza que Edson era um homem trabalhador. A viúva afirma que ele vivia para trabalhar. Com um emprego fixo durante  a semana e exercendo a função de segurança de sexta a domingo, o homem era o principal responsável pela renda da família.

— Ele era uma pessoa muito tranquila. Vivia para trabalhar. Não ficava em casa, só trabalhava. (...) Ele era lanterneiro e nos fins de semana trabalhava de sexta a domingo. (...) Eu cuidava da casa e fazia uns complementos para contribuir com a renda, mas ele era o chefe da família. Perdemos ele por um motivo que eu não consigo entender — afirmou.

Ela relata ainda que sua filha de 12 anos também está sofrendo muito com a perda. Emocionada, Ana Paula contou que ela perguntou à mãe se poderia trabalhar para complementar a renda da família. 

— Estou muito preocupada de como vou terminar a criação da minha filha de 12 anos. O mínimo é transformá-la em um exemplo das atitudes dele. Ela está preocupada em como iremos sobreviver. Tem muito medo de passar fome e necessidade. Ela sabia que era o pai dela que sempre buscava o alimento e as coisas para nós. Me disse que quer arrumar um serviço para ajudar nas despesas — ressaltou.

 

Justiça

Ana Paula pediu que a justiça seja feita. A viúva desabafou dizendo que os trabalhadores das festas não são valorizados e que, por ser negro, as pessoas achavam que ele é lixo.

— Eu quero que a justiça seja feita. Que não aconteça com outras pessoas, porque as festas e eventos vão continuar. São muitas pessoas bacanas que trabalham nos locais. Não só seguranças, mas também garçons e trabalhadores que os participantes das festas nem percebem a presença. Quem está se divertindo, acha que pode tudo. Quando a gente é negro, então, as pessoas acham que a gente é lixo — enfatizou.

 

Por fim, a dona de casa disse esperar que o principal suspeito de ter cometido o crime pague por tudo que fez. Ela também fez um apelo às pessoas para que apoiem o caso.  

— Eu quero que ele pague por aquilo que ele fez. Eu peço apoio de todo mundo de Divinópolis, Itapecerica, minha cidade, e toda Minas Gerais. Temos que fazer justiça por ele, pois meu marido merece. Ele era uma pessoa maravilhosa. Que a Justiça mostre que ele não era só um segurança que barrou uma pessoa que não podia entrar no camarote. Quando a gente não pode, as pessoas têm que aprender a ouvir um não — finalizou.

 

Ajuda

Ana Paula disse que está sem condições de conversar e acompanhar as doações que vem recebendo. No entanto, ela pediu ajuda financeira para a população.

— No momento é minha cunhada que está resolvendo. Eu não tenho condições de auxiliar ela. São muitas pessoas ligando. Eu não estou conseguindo. Quem quiser me ajudar, nem que seja de coração, eu aceito. Ela está resolvendo para mim, porque eu não estou conseguindo conversar com as pessoas direito — explicou.

Doações para Ana Paula e sua filha podem ser feitas por meio do Pix autorizado pelos familiares: 035.500.006-77. Qualquer valor, segundo elas, é bem-vindo. Uma vaquinha on-line também foi criada a fim de adquirir fundos para a família.

 

Apoio

Nas redes sociais, Ana Paula recebeu apoio de muitas pessoas. A internauta Roberta Cardoso foi uma das várias pessoas que se pronunciaram.

— O pior é o silêncio de muitos que, se fosse o contrário, estariam já querendo a cabeça em bandeja e desbravando gritos e ações a favor! Deus conforte vocês — afirmou.

 

Lucimar Freitas também demonstrou apoio à viúva.

 

— Que tristeza, meu Deus! Espero que a justiça seja feita — afirmou.

 

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